quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Dia Mundial da Filosofia

 

Como se chega ou se incentiva o pensamento filosófico? Como se obtém a capacidade de construir um pensamento e interrogar o que nos rodeia? É possível nascer como filósofo ou aprende-se com o tempo, com o que estudamos, com a experiência do que vamos tendo na vida? Se todos poderiam ser filósofos, no sentido de colocar questões ao que não se compreende por que alguns deixam de o ser ao longo da vida? Como se incentiva a formulação das perguntas deixadas por culturas ancestrais, onde a vida foi pensada como uma visão, uma possibilidade? Pode essa abordagem à vida ser incentivada e a partir de quando e terá um limite, ou poderá ter a temporalidade da respiração de cada um? Não é tantas vezes o pensamento, a capacidade de formular uma questão um desenho de belo sobre as coisas?
Michel Onfray dá-nos algumas pistas.

"Penso realmente que nós nascemos filósofos e só alguns o continuam a ser. Há uma grande razão nas crianças que perguntam "porquê". Querem saber. Porque é que a noite é negra, porque é que a água molha, ou porque é que as pessoas morrem. As crianças colocam grandes questões de Ontologia, de Metafísica, de Filosofia.
E muitas vezes os pais renunciam a responder porque não têm, forçosamente, os meios intelectuais, ou o tempo. Por vezes dizemos: não sei, mas vamos encontrar numa biblioteca, vamos procurar num livro. Depois, há um momento, em que as pessoas acabam por renunciar a responder às questões. E desde que se entra na escola, pede-se que cada um responda a questões que nunca nos foram colocadas.

E dizem-nos: agora, se quiseres ser um bom aluno deves saber qual é o PIB de um país qualquer. Naturalmente ninguém é levado a colocar-se essa questão. Aprendemos na escola, coisas muitas vezes, pouco significativas. Dizem-vos: as questões que te colocaste cessa de as colocar. Em troca aprende as respostas a questões que tu raramente te colocas.
Efetivamente isso desespera um certo número de indivíduos e alguns resistem a isso. E esses que resistem a isso, dizem:
- Eu persisto com as minhas questões, eu quero as minhas respostas. Vou procurá-las. Ora bem, esses são os naturais filósofos. E em seguida, podem tornar-se filósofos de profissão porque terão aprendido na Universidade. E colocarão as questões, quem pensou o quê, quando, como, de que forma. E depois disso, um dia talvez, uma destas pessoas que exerceu o pensamento, que se questionou possa escrever livros de Filosofia, possa ser um Filósofo no sentido académico porque se pôs a questão fundamental: o questionamento do sentido da vida."

Michel Onfray, La Grande Librairie. Magazine Littéraire. TV5. 2013.
O pensador de Rodin. Musée Rodin, 1904.

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