"É então isto um livro,
este, como dizer?, murmúrio,
este rosto virado para dentro de
alguma coisa escura que ainda não existe
que, se uma mão subitamente a toca,
se abre desamparadamente
como uma boca
falando com a nossa voz?
É isto um livro,
esta espécie de coração (o nosso coração)
dizendo ‘eu’ entre nós e nós?”
Manuel António Pina,”Os livros”, in Todas as Palavras, Assírio & Alvim.
O livro é uma continua viagem, a escrita da nossa imaginação tornada possível em mundos inventados e “quase” reais. Existe a viagem que se se realiza dentro do livro, dos instantes de leitura, das cores e dos aromas dos espaços onde se realiza. A viagem permanente, aquela que nos permite transformar um sentido, uma forma de ver o mundo, de nele escrever o que tentamos ser. A viagem como descoberta, nas suas dimensões físicas e espirituais.
Conhecer o mundo é ir ao encontro de diversas culturas, de diferentes cores, de ver vários modos de vida. Os livros podem ser os pontos de uma descoberta ou de uma memória. Ler como viajar é construirmo-nos. Partir das palavras e fazer o caminho para descobrir os poemas do planeta, em cada recolha de sal e pó. É a viagem que nos organiza, nos identifica e é nela que a variedade do mundo nos recria. A viagem é uma forma de aprendizagem, com ela podemos compreender a beleza do planeta, a sua diversidade, o belo nos momentos de imperfeição de que é composta a vida. Afinal, como disse Santo Agostinho o “mundo é um livro”. Importa conhecê-lo nas suas formas materiais e nas suas palavras, essa biblioteca imaginária que é cada um de nós. Deixamos algumas sugestões de leituras para estes dias.