quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Leituras...

 

As árvores e a natureza rodeiam-nos. Nas cidades tendem a diminuir. As culturas ameríndias sabiam que o desaparecimento delas era uma porta aberta para significativas dificuldades para a vida. A natureza e as árvores têm em si algo ainda mais substantivo para nós, a possibilidade de caminhar no natural. Caminhar com o natural é também um modo de descobrir e de construir formas de significado com a vida e de pensar a nossa relação com essa divindade exposta nas coisas.Henry David Thoreau fez da sua vida de caminhante a defesa dessa ideia de que a "a natureza é uma metáfora da mente humana." As árvores podem ter no humano uma ação de grande alcance para o equilíbrio do pensar e do sentir.
Thoreau viveu quando a América iniciava o processo de industrialização. Percebeu precocemente que uma sociedade de consumo materialista era um perigo, pois alterava no pior as verdadeiras necessidades do Homem. Este sem o mundo natural perde a sua espiritualidade, a sua ligação ao divino. A caminhada de Thoreau é física, pelos bosques e prados, mas é feita para se encontrar um rumo, uma existência construída em liberdade. E essa linha parece bem mais satisfatória que as contínuas "revoluções" que o mundo contemporâneo e os seus benfeitores parecem querer continuamente fazer!
Alguns breves excertos: "Quero dizer algumas palavras em nome da Natureza, da liberdade absoluta e do estado selvagem, por contraste com a liberdade e a cultura meramente civilizadas, com o intuito de ver no homem um habitante, uma parte ou uma parcela da Natureza, e não um mero membro da sociedade. (...)
Desde os primórdios, a natureza fez crescer os minúsculos rebentos da floresta apenas rumo ao céu, acima das cabeças dos homens e longe da sua vista. Vemos somente as flores que pisamos nos prados.Uma paisagem nunca vista é uma grande felicidade, e em cada volta há sempre algo novo. Há, de facto, uma certa consonância entre os recursos da paisagem num raio de dez milhas, ou seja, nos limites de uma caminhada vespertina, e a sétima década da vida de um homem. Nunca as conhecereis bem."

Caminhada /  Henry-David Thoreau. (....) . Lisboa: Antígona.

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